Archive for the ‘luta’ Category
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A Quem Seguis?
“Portanto, todos aqueles que pecaram sem Lei, sem Lei perecerão; e todos aqueles que pecaram com Lei, pela Lei serão julgados. Porque não são os que ouvem a lei que são justos perante Deus, mas os que cumprem a Lei é que serão justificados.” (Romanos 2, 12-13)
“Eu vos exorto, irmãos, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo: guardai a concórdia uns com os outros, de sorte que não haja divisões entre vós; sede estreitamente unidos no mesmo espírito e no mesmo modo de pensar. Com efeito, meus irmãos, pessoas da casa de Cloé me informaram de que existem rixas entre vós. Explico-me: cada um de vós diz: “Eu sou de Paulo!”, ou “Eu sou de Apolo!”, ou “Eu sou de Cefas!”, ou “Eu sou de Cristo!” Cristo estaria assim dividido? Paulo teria sido crucificado em vosso favor? Ou fostes batizados em nome de Paulo?” (I Cor 1, 10-13)
Estou acabrunhada, triste, de coração pesado como chumbo. Tenho visto por toda parte desrespeito à fé cristã; ataques ditos ‘artísticos’; profanação de templos católicos; religiosos e leigos, homens e mulheres, presos e mortos por causa da Fé em Cristo. Tudo isso faz com que eu me entristeça, mas nem de longe com a intensidade que me entristece saber que os ataques mais peçonhentos à Igreja vêm de DENTRO dela.
Eu nasci e cresci numa família católica, fui batizada no mesmo dia em que nasci. Minha mãe e minha tia Eloysa eram congregadas marianas (ainda guardo suas fitas azuis), e quando tinha um ano de idade, minha tia me levou para visitar as irmãs de São Vicente no Santuário de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, no Rio, onde fui consagrada à Maria. Tia Elô gostava de lembrar como fiquei comportada, imitando as freiras no ajoelhar e levantar e sentar da oração (não sei se era Missa). Sempre, aliás, gostei de ir à Missa, o ambiente da Igreja de Pedra sempre foi para mim sinônimo de paz e proteção. Me sentia bem, simplesmente, desde muito antes da Primeira Eucaristia, aos nove anos.
Depois da primeira comunhão, meu pai espiritual me recebia, no lindo mosteiro da sua Ordem Beneditina, e lá aprendi a amar o canto gregoriano, que enchia a grande igreja, sempre na penumbra. Eu, adolescente, fiz parte do MESB – Movimento de Encontros São Bento, levada pela mão de Dom João, meu confessor e diretor espiritual do movimento. Aproveitava para chegar mais cedo nas reuniões semanais às quartas ou quintas à noite, para poder assistir às Completas, muitas vezes só eu e os monges – e me parecia que uma multidão de anjos também.
O amor a Cristo e à sua Igreja não é uma segunda natureza para mim, mas é parte, a maior parte, da pessoa que sou. Frequentar uma outra igreja, com doutrina diferente, seria o mesmo que, sem mais nem menos, trocar de pais e decidir, num rompante, que o coreano da pastelaria da esquina agora é meu pai biológico. Ser algo diferente de católica para mim é uma impossibilidade concreta.
Pneuma. O Espírito sopra onde quer, e eu sempre desejei que soprasse forte a meu redor, desalinhando meus cabelos e me fazendo fechar os olhos em oração. Os sinos da torre do Mosteiro da Praça Mauá batem em compasso com meu batimento cardíaco, eu respiro o farfalhar daquelas folhas de árvore sacudidas pelo vento da Baía de Guanabara. Maria, Mãe Santíssima, sempre foi o colo para onde eu partia a cada pequeno sofrimento da infância; o ombro que recebeu minhas lágrimas quando eu me despedi de minha mãe e de meu pai. A Igreja me perpassa, muitos dons eu recebi; se eu falho de tantas formas em Ser Igreja, tenho consciência que a culpa é única e exclusivamente minha.
Mas nunca, com todos os pecados e defeitos que tenho, jamais me passou pela cabeça levantar a voz para criticar acidamente um padre, um bispo, que dirá um PAPA, como tenho visto católicos fazerem ultimamente. Toda vez que vejo um padre, vejo meu Pai João, vejo todos os Santos Padres da história da Igreja, vejo aquele que traz Cristo para entrar em minha alma na Missa. Os religiosos e religiosas têm um lugar terno no meu coração, que cresci em meio a monges. O Papa, ah, esse é Cristo Conosco, Pai de todos os Católicos, esteio da Igreja. Cada um deles a seu modo, errando ou acertando como homens, mantiveram o Corpo de Cristo vivo e crescendo por dois milênios.
Como pode alguém ter a ousadia de displicentemente dizer “Sou católico pré-Concílio Vaticano II”, jogando fora – e convicto que DEUS jogou fora – toda a sucessão apostólica desde meados do século passado?! Deus então abandonou a Igreja, é isso? O Deus que mandou Francisco de Assis para reconstruir o que falhava, Catarina de Sena para trazer o Papa de volta a Roma, Pio de Pietrelcina para nos lembrar dos dons do espírito e da necessidade de obediência e oração, João Paulo II para derrubar o Muro que dividia a humanidade em duas metades que não se falavam… ESSE Deus simplesmente permitiu que a Igreja ficasse nas mãos de hereges (sim, já ouvi até mesmo São João Paulo II ser chamado de herege) por 60 anos, sem nenhum alívio?
Hoje eu li uma outra coisa que foi como uma facada no peito. Numa postagem de um amigo no Facebook, que justamente homenageava os dons de inteligência e erudição do Papa Emérito Bento XVI, um contato seu comentou: “Esse é o meu Papa – o único”. Algumas outras pessoas concordaram enfaticamente.
Agora Papa se escolhe; dispensam-se uns, louvam-se outros, utilizando nada mais que os gostos pessoais subjetivos e a vontade de se ter mais majestade que o Rei. E pior, com o sentimento de ser o católico mais puro e fiel da face da terra.
Lúcifer, quando tentou roubar para si a majestade divina, pelo menos sabia que isto era um levante, uma traição, um ato de guerra.
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O Resumo da Ópera Trágica que Vivemos
Lá em 1500, um certo fidalgo Pero Vaz de Caminha foi enviado, a mando do Rei de Portugal, com o navegador Pedro Alvares Cabral para averiguar se havia algo a ser explorado nestas plagas. Descobriu-se que sim, havia muito a ser explorado em riquezas naturais — minerais e vegetais. Assim se fez.
Durante séculos praticamente só isso se fez, até que Dom João VI pegou sua família e amigos e para cá veio ligeiro, fugido de Napoleão. Chegando aqui, descobriu que nada havia sido urbanizado, não havia sequer um abrigo decente para sua nobre família. Então, no início do século dezenove, começou o desenvolvimento do Brasil em que hoje vivemos.
Devagarinho, porque estas coisas são lentas, o povo brasileiro descobriu que tem amor pelos azulejos portugueses, pelas igrejas barrocas, pelas frutas tropicais, pelos ritmos africanos, pela comida nativa. Descobrimos que o tempo quente aquece nosso coração junto com nossas paixões, e esse calor acolhedor trouxe gente de toda parte para cá. Desde o próprio Portugal e da Espanha até o Líbano e Israel; Coréia, Itália e Japão, todos aqui recebem um sorriso de boas vindas.
Infelizmente, os séculos de abandono se fizeram notar num descomprometimento da classe mais abastada (de origem portuguesa) que aqui morava, que preferia mandar seus filhos estudarem em Lisboa, Porto ou Paris que construir Universidades aqui. Nenhum amor pareciam ter pela terra que os abrigava, sempre suspirando pela Europa que deixaram para trás. Fizeram uma triste escola entre membros de todos os estratos da sociedade, que aprenderam que a coisa pública é “terra de ninguém” a ser usada e abusada de acordo com a vontade volátil do momento.
Este governo — que agora tentamos tirar do poder legitimamente, com a mesma autoridade com que o colocamos lá — levou esta falta de amor por nossa terra, e a exploração de suas riquezas, a níveis quase lendários. Apropriou-se da coisa pública e do dinheiro de nossos impostos e do trabalho de nossos funcionários públicos como o mais ferrenho senhor de escravos.
Só que a escravidão do povo brasileiro serve hoje não a um senhor de engenho, mas a uma organização chamada Foro de São Paulo, que tem como intenção declarada acabar com a soberania dos países da América Latina e formar um bloco socialista – à força, por meio de matança se preciso for, com o apoio de ladrões, traficantes e assassinos, como o habitual deste tipo de governo totalitarista — com um governo central, que chamam de La Patria Grande, sob o comando dos irmãos ditadores de Cuba.
O POVO BRASILEIRO NÃO QUER ISTO. DE JEITO NENHUM, SOB NENHUM ASPECTO. Se for necessário, damos as nossas vidas, para que as futuras gerações sejam livres. É isto o que acontece aqui agora.
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Beautiful
Tantas e tantas vezes já expliquei aqui o porquê do meu blog chamar Asa de Borboleta e algumas vezes eu mesma me esqueço… A asa da borboleta é o símbolo da sua coragem de Ser, mesmo quando tudo à sua volta parece não querer que ela seja. É o resultado glorioso da metamorfose daquela que se arrasta vagarosamente de barriga no chão, mas decide que PRECISA voar. É fruto de dor, de sofrimento, de um tempo ENORME dentro de um casulo, solitária, com os movimentos restritos. No fim, o tempo de voar é tão curto… mas o vôo é uma sinfonia de louvor Àquele que criou o céu e as flores.
Pois então… há muita gente, muita mesmo, que pensa que tudo isso é uma besteira sem fim. Pessoas que pensam que o que vale é o dinheiro e o sucesso que você acumula, a sua capacidade de passar por cima do que for – mesmo de outras pessoas – para conseguir o que quer. Estas pessoas, e eu já encontrei algumas delas na Net e pessoalmente, pensam que eu sou uma velha imbecil. Retardada, foi uma das expressões utilizadas. Nos últimos meses estive tão fraca que cheguei a acreditar nelas, a pensar que nada mais tinha para escrever aqui que não fosse triste, velho e imbecil.
Bem, meus ídolos velhotes, barrigudinhos, carecas, grisalhos e LINDOS do Marillion escreveram há algum tempo uma música que fala maravilhosamente sobre tudo isso, é uma música com Asas de Borboleta. Deixo com vocês a apresentação ao vivo tirada do You Tube com muito amor e com o desejo que vocês que estão por aí lendo o Asa e sentem como eu sinto saibam que são BELOS.
Aos materialistas, mercantilistas, interesseiros e maus-caráter em geral, bem (tampem os olhinhos das criancinhas, por favor) VÃO À MERDA.
Estou voltando.
Beautiful
music: Marillion
lyrics: Steve Hogarth & John HelmerEverybody knows we live in a world
Where we give bad names to beautiful things
Everybody knows we live in a world
Where we don’t give beautiful things a second glance
Heaven only knows we live in a world
Where what we call beautiful is just something on sale
People laughing behind their hands
While the fragile and sensitive are given no chanceAnd the leaves turn from red to brown
To be trodden down, to be trodden down
And the leaves turn from red to brown
Fall to the ground, fall to the groundWe don’t have to live in a world
Where we give bad names to beautiful things
We should live in a beautiful world
We should give beautiful a second chanceAnd the leaves fall from red to brown
To be trodden down, to be trodden down
And the leaves turn green to red to brown
Fall to the ground and get kicked around(Are you) strong enough to be…
Have you the faith to be…
(Are you) sad enough to be…
Honest enough to stay…Don’t have to be the same…
Don’t have to be this way
C’mon and sign your name
(Are) you wild enough to remain beautiful?
Beautiful, beautiful, beautiful.And the leaves turn from red to brown
To be trodden down, trodden down
And we all fall green to red to brown
Fall to the ground
We can turn it around(Are you) strong enough to be…
Why don’t you stand up and say…
Give yourself a break
They’ll laugh at you anyway
So why don’t you stand up and be
Beautiful, beautiful!Black, white, red, gold, and brown (whatever!)
We’re stuck in this world
Nowhere to go
Turn it around
What are you so afraid of?
Show us what you’re made of
Be yourself and be beautiful
BeautifulEssa eu TENHO de traduzir, pedindo desculpas pelo post longo.
Belo
música: Marillion
letras: Steve Hogarth & John HelmerTodos sabemos que vivemos num mundo
Que dá nomes feios a coisas belas
Todos sabemos que vivemos num mundo
Onde não damos a coisas belas um segundo olhar
Deus sabe que vivemos em um mundo
Onde o que chamamos de belo é o que está à venda
Pessoas escondem o sorriso com a mão
Enquanto o frágil e sensível não têm vezE as folhas passam de vermelhas a marrons
Para serem pisoteadas, para serem pisoteadas
E as folhas passam de vermelhas a marrons
Caem ao chão, caem ao chãoNão temos de viver em um mundo
Que dá nomes feios a coisas belas
Deveríamos viver em um mundo belo
Deveríamos dar ao belo uma segunda chanceE as folhas passam de vermelhas a marrons
Para serem pisoteadas, para serem pisoteadas
E as folhas passam de verdes a vermelhas, a marrons
Caem ao chão e são chutadas em qualquer direçãoVocê é forte o suficiente para ser…
Tem fé suficiente para ser…
É triste o suficiente para ser…
Honesto o suficiente para permanecer…Não precisa ser mais do mesmo…
Não precisa ser assim
Vamos, assine embaixo
Você é selvagem o suficiente para permanecer belo?
Belo, belo, belo…E as folhas passam de vermelhas a marrons
Para serem pisoteadas, para serem pisoteadas
E todos nós passamos de verdes a vermelhos a marrons
Caimos ao chão,
Nós podemos mudar issoVocê é forte o suficiente para ser…
Porque não se levanta e diz…
Pegue leve com você
Eles vão rir de você de qualquer jeito
Então porque você não se levanta e seja
Belo! Belo!Negro, branco, vermelho, dourado ou marrom
Estamos presos a este mundo
Nenhum outro lugar para ir
Vamos mudar
De que você tem medo?
Mostre-nos do que é feito
Seja você mesmo e seja Belo
Belo -
Sensibilidade, ou Filtros
(inspirado por Rogério Prado Macedo
– obrigada, sem medo, amigo querido)
Love Hurts by Nazareth
Love hurts, Love scars
Love wounds and mars
Any heart not tough
Or strong enough
To take a lot of pain
Take a lot of pain
Love is like a cloud
Holds a lot of rain
Love hurts, (Ooooo), love hurtsI’m young, I know
But even so
I know a thing or two
I learned from you
I really learned a lot
Really learned a lot
Love is like a flame
It burns you when it’s hot
Love hurts, (Ooooo), love hurtsSome fools think of happiness,
Blissfulness, togetherness
Some fools, fool themselves, I guess
They’re not fooling me
I know it isn’t true
I know it isn’t true
Love is just a lie
Made to make you blue
Love hurts, (Ooooo) love hurts (Ooooo), Love hurtsI know it isn’t true
I know it isn’t true
Love is just a lie
Made to make you blue
Love hurts, (Ooooo) love hurts (Ooooo), Love hurts (Ooooo)Aquilo que eu mais desejo é sempre o que me faz sofrer mais.
Disso é feito o Rock, disso é Feito o Blues:
A alma se arrebenta em canção.
A guitarra corta a paz como uma moto-serra.
O coro sustenta, a voz do vocalista rasga. Love hurts.
Uhhhh, Love hurts.Love Hurts by Cher
(assista no YouTube, usando o link acima; permissão de embedding não foi concedida)Love hurts, Love scars
Love wounds and mars
Any heart not tough
Or strong enough
T’take a lot of pain
Take a lot of pain
Love is like a cloud
And it holds a lot of rain
Love hurts, (Ooooo), love hurtsYou’re young, I know
Baby, even so
I know a thing or two
Ooo honey, I’ve learned from you
And I really learned a lot
I really learned a lot
Love is like a stove and
It burns you when it’s hot
Love hurts, (Ooooo), love hurtsSome fools dream of happiness,
Of blissfulness, togetherness
Oh, some fools, they fool themselves, I guess
They’re not fooling me
And I know it isn’t true
Yeah, I know it isn’t true
Love is just a lie and it’s
Made to make you blue
Love hurts, (Ooooo) love hurts
(Ooooo), Love hurtsAnd I know it isn’t true
Oh, I know it isn’t true
Love is just a lie and it’s
Made to make you blue
Love hurts, (Ooooo) love hurts (Ooooo), Love hurts, (Ooooo), Love hurtsA espera dos primeiros compassos… silêncio cheio de expectativa.
O piano despeja nos ouvidos pequenos sons que rodam, rodam.
A banda faz o colchão onde repousa a melodia.
A guitarra corta a paz como uma moto-serra.
O coro sustenta, a voz da cantora rasga. Love hurts.
Uhhhh, Love hurts.Começamos quase tudo com grande expectativa.
Lentamente a ciranda da vida nos roda-roda.
Os desejos nos acalentam num colchão de passividade.
A realidade corta a paz como uma moto-serra.
O coro sustenta, a voz da cantora rasga. Love hurts.
Uhhhh, Love hurts.A juventude é a surpresa, a novidade.
Lentamente a rotina da vida roda, roda.
A maturidade pisa no freio, desejosa de repouso
A tristeza corta a paz como uma moto-serra.
O coro sustenta, a voz da cantora rasga. Love hurts.
Uhhhh, Love hurts.Na infância corri veloz em direção à descoberta.
A adolescência trouxe responsabilidade.
A idade adulta buscou alegria e a paz
Na maturidade, a perda corta essa paz como uma moto-serra.
O coro sustenta, a voz da cantora rasga. Love hurts.
Uhhhh, Love hurts.Não importa o que eu faça ou diga, no final é tudo sempre igual:
A guitarra geme como alma penada, rasga a paz como uma moto-serra.
O coro sustenta, a voz da cantora rasga. Love hurts.
Uhhhh, Love hurts.Desculpem a longa ausência. É, tô mal….
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Espasmos
Órfã na Janela – A.Prado
Estou com saudade de Deus,
uma saudade tão funda que me seca.
Estou como palha e nada me conforta.
O amor hoje está tão pobre, tem gripe,
meu hálito não está para salões.
Fico em casa esperando Deus,
cavacando a unha, fungando meu nariz choroso,
querendo um pôster dele no meu quarto,
gostando igual antigamente
da palavra crepúsculo.
Que o mundo é desterro eu toda vida soube.
Quando o sol vai-se embora é pra casa de Deus que vai,
pra casa onde está meu pai.Hoje não é um daqueles dias em que, sossegada, penso belezuras para escrever aqui. Esta semana foi de montanha-russa emocional, intensa, furiosa. Hoje estou em espasmos, o pensamento aqui e ali, oscilante, nervoso.
Hoje me pergunto o porquê do mundo ser tão grande, e invariavelmente parecer que as pessoas que me trariam alegria estão do outro lado dele. As doçuras que estas pessoas me ofertam chegam aqui diluídas, fracas, com prazo de validade vencido. Não é um dia de bonitezas, é dia de rosnar, ranger de dentes e silêncios desconfortáveis. Não quero mesmo conversar com as pessoas à minha volta, centrada que estou naquelas que não estão aqui.
Estou estranha, conflito ambulante, sapato apertado. Alterno entre a vontade de virar a mesa posta do almoço e fotografar os desenhos que o arroz colorido fizesse no chão. A energia contida queria se expressar em meia dúzia de copos jogados com força na parede, e o lirismo queria fazer um véu luminoso para os cabelos com os cacos de vidro.
Hoje eu simplesmente não me conformo. Hoje é bater a cabeça na parede e sentir na testa a dor da saudade. É sentir no fundo da garganta o amargo do desejo não saciado. Tudo o que vejo me mostra um buraco, só enxergo o que não está ali. Mineira como ele é mineiro, calada como ele é calado, hoje a única poesia que me serve é a poesia seca e altiva de Adélia Prado.
Corridinho – A.Prado
O amor quer abraçar e não pode.
A multidão em volta,
com seus olhos cediços,
põe caco de vidro no muro
para o amor desistir.
O amor usa o correio,
o correio trapaceia,
a carta não chega,
o amor fica sem saber se é ou não é.
O amor pega o cavalo,
desembarca do trem,
chega na porta cansado
de tanto caminhar a pé.
Fala a palavra açucena,
pede água, bebe café,
dorme na sua presença,
chupa bala de hortelâ.
Tudo manha, truque, engenho:
é descuidar o amor te pega,
te come, te molha todo.
Mas água o amor não é. -
Para Falar de Vida
Depois de quase dois meses de ausência – que foram dois meses em que minha alma entrou em reunião a portas fechadas com minha mente e coração para analisar tudo o que já vivi nestes 43 anos de vida completos dia 12 de janeiro – estou de volta a esta minha casa na Net. Este é cantinho onde a Sue se comunica com aquelas pessoas que escolhem vir aqui e ler tudo que eu escrevo, seja lírico ou seja tolo, seja amoroso ou triste. Porque “literário” não é, nunca de propósito. As pessoas que quero aqui, comunicando comigo, são as pessoas com as que já me disseram: “eu penso e sinto também assim” ou “você colocou em palavras o que eu sentia mas não conseguia expressar” (este é o meu elogio favorito dentre todos). Pessoas, enfim, que tenham uma ressonância de espírito comigo.
Eu, no post anterior, desejo feliz aniversário à minha mami, que já partiu desta vida faz quase 22 anos. Porque eu sei que a vida é mais e maior que o que aquilo que vemos aqui, e a partida é apenas um novo começo. Afinal de contas, este peixinho na coluna da direita não significa uma homenagem a meu bisavô pescador… mas simboliza meu relacionamento e irmandande com alguns ajudantes do sucessor do primeiro Pescador de Homens, que me levaram pela mão até o regaço de Jesus e de sua Mãe Santíssima, de onde aprendi a louvar a Vida.
Tenho alguns amigos na rede que também aprenderam sobre a Vida nestes regaços, beberam da mesma fonte que eu, e um em especial tem uma maravilhosa forma de celebrar a defender a Vida: meu amigo jornalista Marcio Campos. eu já declarei em público um dia que ele é um bilhete premiado de loteria, hoje me declaro fanzoca assumida. Ele está fazendo um trabalho inteligente, espirituoso tanto quanto espiritual – e além de tudo muito importante -, a respeito da forma com que a Mídia tenta criticar aqueles que celebram a Vida. Força, Marcio, posso colaborar com este pequeno link e muitas orações. Você com certeza, com a ajuda do Espírito Santo, dá conta do resto.
Com vocês o “Pai, perdoai-lhes, eles não sabem o que escrevem“
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Virose
Duzentos mil ataques de tosse
50 mil litros de suores frios
50 km de lenços de papel
38.2º C de temperatura
Sete dias de antibiótico
Três dias de molho
E a hora que não passa… -
Joaquins
Os caminhos que a vida traça sem a gente perceber… chega a ser engraçado, se ao menos não fosse tão triste. Uma faxina mais corajosa nos pertences do pai, mais umas sacolas de livros doados à Biblioteca Municipal, e eis que uma figura muito importante do meu passado aparece de fininho, elegante como sempre foi, sem exagero de expressão, quase calado como ele era. Um livrinho escrito por um outro-pai, um homem que me amava e a quem eu amei exageradamente, com coração de filha e de criança. Nunca cheguei à conclusão se ele era um poeta que lutava ou se era um guerreiro que fazia poesia. Ele morreu enquanto eu era jovem demais para descobrir.
Hoje há outro Joaquim que eu amo, exageradamente como amei meu primeiro Joaquim, mas sem a inocência e o salvo-conduto da infância. Amar na idade madura é tão mais arriscado, tanto calo a ser pisado onde só havia alegria antes… Meu primeiro Joaquim era metade como eu, sensível e apaixonado, se expressava na poesia. Metade ele era como o segundo Joaquim, calado e guardado, desesperançado com o mundo. O primeiro Joaquim morreu de tristeza, ainda muito novo, poeta que era, novo demais, com muita poesia tragicamente por escrever. Deixou de cumprir a promessa-ameaça que jocosamente fazia a meu pai, que era a de me levar, ele mesmo, ao altar e entregar minha mão à um prometido que ainda estava no porvir.
Teria sido perfeito, tio amado, que você pudesse ter-me levado àquele prometido altar, e entregue sua pequena amiga para um segundo Joaquim, jovem, confiante e livre para me receber diante de Deus e dos homens. Mas este mundo, este mundo que nos rala a pele e nos enche a alma de cicatrizes, este mundo não é perfeito, não é, querido?
De um Joaquim para outro, passando por dentro do meu coração:
Amigos de Longos Anos
(Maj. Brig. Joaquim Vespasiano Ramos)Fixei-me no horizonte
À procura do infinito
E só a linha do horizonte
Apareceu-me no infinito!Procurei no escuro do firmamento
A mais bela e distante estrela;
Escondida no escuro do firmamento
Estava a mais bela e distante estrela!Contemplei, do deserto, a miragem
Com a esperança de olhos cansados.
Eclipsou-se, porém, do deserto a miragem
Para a tristeza dos olhos cansados.Esperei as ilusões de um lindo sonho
No meu sono tranquilo e profundo;
Recusou-me ilusões o lindo sonho
Do meu sono tranquilo e profundo!Busquei, no âmago do pensamento,
As alegrias e venturas do passado;
Nada havia no âmago do pensamento —
Nem alegrias e venturas no passado.Ofereci a mão da amizade
Ao amigo de longos anos;
Estendida ficou a mão da amizade
Sem a do amigo de longos anos!Procurei na gota de orvalho
A lágrima que me falta.
Desmanchou-se a gota de orvalho
E a lágrima inda me falta. -
Proteção
Hoje eu olhei longamente fotos minhas de infância
Aquele olhinho límpido não tinha a menor idéia do que a esperava
Graças ao Todo-Poderoso por isso
Hoje, aquele olhinho meio embaçado da foto antiga
É o que me dá estrutura e força.
Hoje aquela criança está em algum lugar dentro de mim
Protegida
A salvo
Me fitando com seu olho verde e límpido
É ela que me faz continuar andando
Andando sem parar
E é ela que vai ter de me dizer para parar
Na hora em que eu finalmente chegar.November Rain – Guns N’ Roses
When I look into your eyes
I can see a love restrained
But darlin’ when I hold you
Don’t you know I feel the same
‘Cause nothin’ lasts forever
And we both know hearts can change
And it’s hard to hold a candle
In the cold November rainWe’ve been through this such a long long time
Just tryin’ to kill the pain
But lovers always come and lovers always go
An no one’s really sure who’s lettin’ go today
Walking away
If we could take the time to lay it on the line
I could rest my head
Just knowin’ that you were mine
All mineSo if you want to love me
then darlin’ don’t refrain
Or I’ll just end up walkin’
In the cold November rainDo you need some time…on your own
Do you need some time…all alone
Everybody needs some time…on their own
Don’t you know you need some time…all alone
I know it’s hard to keep an open heart
When even friends seem out to harm you
But if you could heal a broken heart
Wouldn’t time be out to charm youSometimes I need some time…on my
own Sometimes I need some time…all alone
Everybody needs some time…on their own
Don’t you know you need some time…all aloneAnd when your fears subside
And shadows still remain, ohhh yeahhh
I know that you can love me
When there’s no one left to blame
So never mind the darkness
We still can find a way
‘Cause nothin’ lasts forever
Even cold November rainDon’t ya think that you need somebody
Don’t ya think that you need someone
Everybody needs somebody
You’re not the only one
You’re not the only one -
Desde ontem a cidade do Rio de Janeiro chora, comigo e como eu: um transbordar de dor lento, transformado em lágrimas e chuva. Um choro que escorre por rosto e vidraças numa expressão de sofrido cansaço. A cidade provavelmente chora por mais esta provação a que está sujeita durante estes próximos quinze dias, pobre urbe – abusada há anos pelo crime e descaso, e agora pelo delírio esportivo. Eu choro porque percebi que estou de repente envelhecida.
Sim, talvez envelhecer seja esta sensação ruim de que a vida nos está deixando para trás, as energias se esvaindo sem reposição, o sentido da vida esquecido em alguma curva da estrada. Dói esta percepção de se continua vivendo de teimoso, por força do hábito, sempre com medo que o próximo golpe, a próxima perda, a próxima decepção sejam finalmente a gota d’água. Logo ali, talvez, esteja finalmente a facada que vai nos fazer entregar os pontos.
O Rio tem um coração de floresta que pode ajudar na sua recuperação, no caso dos seus habitantes resolverem que é hora de voltar a viver. O meu coração bate hesitante, pára-não-pára, como se a bateria estivesse por acabar. Bonequinho de corda com os movimentos bruscos neste tenta mexer e não tem forças.
Eu me pergunto se tento fazer ele voltar a bater forte como há bem pouco tempo batia. A solução seja talvez um dia de fúria que bote abaixo tudo que existe agora para que o recomeço venha. Em outros momentos me pergunto se devo me espelhar na sabedoria dos elefantes – que sabem quando não é mais hora de tentar, sabem quando estão velhos, obsoletos, e é hora de buscar um lugar isolado para deitar e morrer.
Estou no limbo entre o esforço da busca de novos laços amorosos e da sedução do canto de sereia do esquecimento eterno, que chama por mim. Dormir, talvez sonhar, diria Hamlet. Ele também guiado pelo fantasma de seu pai. Eu a me perguntar se sua loucura e sua morte são meu destino compartilhado.
O, sweet oblivion, why tempt me so?
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